Crédito desta foto: eu mesma inspiradíssima...

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24 de nov. de 2011

Multirão do samba no domingão

Reproduzindo dica de Ilka Danusa, uma figura sempre conectada com o que há de melhor!

"Vem aí mais uma edição do multirão do samba da Bahia. O Projeto Samba em Construção, que reúne artistas baianos em uma grande celebração, terá mais uma edição no próximo dia 27 de Novembro(domingo), a partir das 14h, no Cine Teatro Solar Boa Vista, no bairro de Brotas.

Nesta edição de Novembro temos como Mestre da Obra o consagrado sambista soteropolitano Riachão. O Samba em Construção homenageia seus 90 anos e traz um repertório recheado de pérolas da sua Obra.

Um espetáculo musical itinerante, interativo e com vários tipos de expressões artísticas, que valoriza a memória e a construção em rede. O projeto traz música, artes plásticas, cênicas e visuais, agregando artistas, obras e público, vivendo e expressando o universo do samba. Os operários da construção e anfitriões do samba são a cantora Maira Lins, o grupo Menos Um no Quartetto (formado por Cassius Cardozo, Humberto Barretto e Ronaldo Nobre) e Lucas do Pandeiro.

O grupo recebe convidados especiais das diversas linguagens artísticas. Tem o bandolinista Zé Mario Sales, como músico convidado, e para cada apresentação, o projeto convida 2 artistas: um como “Mestre da Obra com apresentação de suas canções no repertório da banda, e outro que traz seu trabalho ao palco junto ao grupo. Além disso, os intervalos são agitados ao som do DJ Camilo Fróes e a ambientação do espaço é do Artista Plástico Alvinho Bôa Morte.

O local – Climatizado e recentemente recuperado, o tradicional Solar Boa Vista ganhou decoração que remete à atmosfera dos canteiros de obras, para combinar perfeitamente com a proposta do Projeto Samba em Construção. OCine Teatro Solar Boa Vista, equipamento de Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, fica no Parque Boa Vista, localizado entre Boa Vista de Brotas, Engenho Velho de Brotas e Ogunjá, que estão entre as mais de 50 localidades do imenso bairro de Brotas. De fácil acesso por essas vias e com amplo estacionamento, o local promete ser uma das melhores opções musicais para os domingos de Salvador.
A produção do Samba em Construção é da Pronto Agência de Cultura e da Hiperativa Comunicação e Cultura. Mais informações em www.sambaemconstrucao.com.br


SERVIÇO
O que: Projeto Samba em Construção
Onde: Parque Solar Boa Vista, s/nº, Engenho Velho de Brotas. Para mais informações sobre o espaço e localização, acesse: blogdosolar.wordpress.com
Quando: 27 de Novembro, domingo, a partir das 14h.
Valor: R$ 20,00 (inteira) / R$ 10,00 (meia)
Promoção: R$ 20,00 - Ingresso + Feijoada
Mais infos: http://sambaemconstrucao.com.br/site"


Texto adaptado do projeto Samba em Construção

19 de nov. de 2011

Soco no estômago, falta de identidade e um novo fã




Cheguei em casa sedenta pelo meu teclado. Precisava escrever esse texto, custasse o que custasse. É que o cineasta espanhol Pedro Almodóvar costuma me arrebatar (eu e meio mundo! rsrsr...). Mas "A pele que habito" me pareceu uma superlativização do jeito Almodóvar de ser. Não nas já tão tradicionais "cores de Almodóvar", esteticamente falando, que quase sempre servem para "carregar" as cores das paixões, que são sua marca nas películas. Essas se mantêm idênticas e talvez até mais sóbrias.

O superlativo vem da mudança na abordagem sobre as perversões, paixões, comportamentos contraditórios e dicotômicos dos seres humanos: o mergulho é muito profundo, mas permeado por uma sutileza que tem o mesmo efeito de um soco no estômago - como descreveu um amigo, o escritor Goulart Gomes - e a discrição de um envenenamento por cicuta.


A crítica fala de um Almodóvar mais sombrio que de costume. Sem dúvida. Ele parece que está disposto a aperfeiçoar seu método sempre infalível de nos tirar da zona de conforto. Em "A pele que habito", ele vasculha (e evoca) aspectos sombrios da humanidade com maestria. Aspectos sombrios de todos nós - e que ninguém tente fugir da raia! Estamos retratados ali.

Devo pontuar que diante do que senti, discordo do meu outro amigo, o professor Alberto Freire, que aponta uma falta de identidade dessa película com a obra de Almodóvar. "Cris, gostei muito, mas não é Almodóvar. Mas precisamos debater. Então, vai ver o filme amanhã", apelou na véspera do feriado, durante o bate-papo pós-trabalho no Isopor Cultural. Não só discordo, como acho exatamente o contrário, como vocês puderam ver acima. Mas devo a Beto a dica de aproveitar as comemorações republicanas me permitindo enebriar com essa obra.


Enebriar parece a vocês um verbo superlativizante demais para classificar meu estado de espírito após um simples filme? Talvez... Mas admito não ser a pessoa certa para avaliar essa situação. Tenho que confessar que entrei na sala de projeção com olhos, ouvidos e o senso crítico muito aguçados, pois tinha travado uma ótima conversa de quase duas horas com meu amigo Aldir, companheiro de sessão. Pra lá de inteligente, culto e com um vasto conhecimento em vários segmentos, nesse aparentemente inofensivo colóquio, ele me fez realizar grandes exercícios de desconstrução de paradigmas. Será que isso explica o meu estado que perdura até agora (momento de fechamento dessa edição)?


Essa resposta, só terei na sexta-feira da próxima semana, quando será possível fazer a roda de debate no Isopor Cultural. Enquanto isso, se você leu esse texto, viu o filme e quer participar dessa discussão, pode postar aqui as suas impressões. Eu quero saber tudo que você pensa.

Vale dizer que meu amigo Aldir afirmou horas antes do filme "ser o único dentre seus amigos que não gosta de Almodóvar". Revelou a proposta de revisitar outras películas do espanhol com novo olhar, modelado por essa experiência sem igual de "A pele que habito". Saiu do cinema, quem sabe, um novo fã...


Imagens: Imdb.com

15 de nov. de 2011

Cidadania por trás dos holofotes



Margareth Menezes é um nome que dispensa apresentações, claro. Mas, para quem ainda não conhece o projeto Fábrica Cultural, vale a formalidade: ela foi sua idealizadora e já colhe bons frutos com o resgate da cidadania de jovens da Península Itapagipana. Bonito voltar a suas origens e reescrever a história de sua infância e juventude, mudando a vida das novas gerações.

Confira a matéria na revista Grauçá, que acaba de completar um ano (já sem uma das criadoras, Vanice da Mata, mas ainda muito engajada e bela).

2 de nov. de 2011

Livros à mancheia

O premiado escritor Goulart Gomes dá a dica da Bienal do Livro, que começou no último fim de semana e vai até o dia 6 de novembro no Centro de Convenções da Bahia, Jardim Armação, das 10h às 22h.

Ele estará presente com alguns autores, sempre às 19 horas, nos dias:

Dia 03/11 - Praça da Poesia
Dia 05/11 - Lançamento da coletânea 501 POETRIX PARA LER ANTES DO AMANHECER (convite em anexo)

Ah, o valor do ingresso foi reduzido por solicitação dos próprios expositores, a fim de popularizar o acesso das pessoas: R$ 4 (inteira). Crianças menores de 12 anos acompanhadas de um adulto pagante, têm acesso gratuito. Bibliotecários, professores e profissionais do livro continuam tendo gratuidade garantida.

Nosso povo precisa de livros. Livros à mancheia para todos nós! Confira mais detalhes sobre o evento em www.bienaldolivrodabahia.com.br

29 de out. de 2011

"Porque o samba nasceu lá na Bahia..."



O samba nasceu aqui e não há como mudar isso. E nada mais justo que o resgate dele, em sua mais pura essência, aconteça aqui, não é? Eis o imenso valor desse projeto. Em meio a uma vida acelerada que não para para olhar sua história e reverenciar aqueles a quem devemos a nossa riquíssima cultura, os nossos antepassados, há de se reconhecer a importância de projetos como esse, que ainda prestigia a comunidade onde está inserido (meia entrada para moradores). Que viva o samba! Confira abaixo texto da assessoria de imprensa:

"Vem aí mais uma edição do multirão do samba da Bahia. O Projeto Samba em Construção, que reúne artistas baianos em uma grande celebração, terá mais uma edição no próximo dia 30 de outubro (domingo), a partir das 14h, no Cine Teatro Solar Boa Vista, no bairro de Brotas.

Os operários da construção e anfitriões do samba são Lucas do Pandeiro, a cantora Maira Lins e o Menos um no Quartetto, formado pelos cantores, compositores e instrumentistas Humberto Barretto, Ronaldo Nobre e Cassius Cardozo. O grupo recebe convidados especiais das diversas linguagens artísticas. Dessa vez, integram o multirão musical, o artista visual Alvinho Bôa Morte, o músico Zé Mário, o Dj Camilo Fróes e a cantora, atriz e bailarina Clécia Queiroz, importante divulgadora do samba da Bahia. Para completar a diversão, será servida a Feijoada no Lounge, feita por Elvira Moraes, afinal samba no domingão, pede feijoada.


Gordurinha - Com o objetivo de reverenciar os grandes nomes da nossa música, a cada edição é escolhido o Mestre da Obra, que neste próximo encontro será o cantor, compositor, radialista e humorista, Gordurinha. Nascido em Salvador, em agosto de 1922 e registrado como Waldeck Artur Macedo, Gordurinha é um dos multi-artistas brasileiros que, apesar de sucessos nas diversas áreas de atuação, é pouco lembrando pela história do Brasil.

Após apresentar-se como calouro, aos 16 anos na Rádio Sociedade da Bahia, Gordurinha iniciou uma trajetória que incluiu a passagem pelo teatro como humorista impagável, atuação na Rádio Nacional, cinco dias com músicas satíricas e composições de sucessos do cancioneiro popular como Baiano burro nasce morto, Mambo da Cantareira, Vendedor de Caranguejo, Súplica Cearense, eternizada na interpretação de Luiz Gonzaga e recentemente gravada pelo Rappa, e Chiclete com Banana, música que além de ser gravada por artistas como Gilberto Gil, deu nome a peça de teatro, tiras de quadrinhos e a uma banda de música baiana. Gordurinha será homenageado pelos artistas do Samba em Construção que vão mostrar ao público suas músicas e passagens da sua vida, marcada por alegrias e injustiças.


O local – Climatizado e recentemente recuperado, o tradicional Solar Boa Vista ganhou decoração que remete à atmosfera dos canteiros de obras, para combinar perfeitamente com a proposta do Projeto Samba em Construção. O Cine Teatro Solar Boa Vista, equipamento de Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, fica no Parque Boa Vista, localizado entre Boa Vista de Brotas, Engenho Velho de Brotas e Ogunjá, que estão entre as mais de 50 localidades do imenso bairro de Brotas. De fácil acesso por essas vias e com amplo estacionamento, o local promete ser uma das melhores opções musicais para os domingos de Salvador.

A produção do Samba em Construção é da Pronto Agência de Cultura e da Hiperativa Comunicação e Cultura. Mais informações e imagens dos shows em www.sambaemconstrucao.com.br


SERVIÇO

O que: Projeto Samba em Construção

Onde: Parque Solar Boa Vista, s/nº, Engenho Velho de Brotas. Para mais informações sobre o espaço e localização, acesse: blogdosolar.wordpress.com

Quando: dia 30 de outubro, domingo, a partir das 14h.

Valor: R$ 20,00 (preço único) Meia entrada para moradores de Brotas que apresentarem comprovante de residência."

19 de out. de 2011

Maratona pelos palcos já

Fiquei fã do Festival Internacional de Artes Cênicas (Fiac) desde a primeira edição. Um cuidado preciosista com cada detalhe da programação, da divulgação, do como lidar com o público. Fico apaixonada pelõs motes das campanhas de divulgação que eles desenvolvem todo ano, especialmente, os spots de rádio. E, felizmente, o evento teve apoio poderoso desde o início: Petrobras. A Bahia merece muito tem um evento dessa porte nesse segmento, já que é uma das pioneiras nas artes cênicas do Brasil.

Sem mais delongas, é melhor você conferir a programação que postei abaixo, que acontece de 22 a 30 de outrubro, em vários palcos da cidade e, como eu e meus amigos Lilia e Alberto, realizar uma verdadeira maratona pelos palcos.

Dica 1: você consegue assistir dois ou três espetáculos (talvez até mais), por dia, pois a grade é montada com intervalos entre eles que permitem que você se desloque (rapidinho, viu?) de um para o outro. Só tem que comprar os ingressos com antecedência. Dica 2: não há só espetáculos para assisti. Rola oficinas e outras atividades mais participativas. Dica 3: essa programação abaixo, você pode adquirir em PDF no próprio site do Fiac (que é um luxo!), dobrar e colocar no bolso. Eu garanto: você vai precisar colocar no bolso!


15 de out. de 2011

Pílulas B: vem chegando o verão...


Então é tudoaomesmotempoagora, minha gente!

Cinema na Praça

Estamos nos tornando cidade grande. Olha que bela iniciativa: o Cine Aquarius, exibição de filmes em praça pública, no loteamento Aquarius, começou a funcionar em setembro. Como parte do projeto de revitalização do espaço público, as exibições gratuitas ocorrem em um telão de 6m x 4m, sempre às sextas, 20 horas, no anfiteatro.


A Praça Aquarius teve piso e passeios recuperados, ganhou nova iluminação, mobiliário urbano, equipamentos de ginástica e ampliação do paisagismo.

Programação:

21/10 - Filme: Comer, rezar, amar
04/11 - Filme: Swiming Pool
11/11 - Filme: Avatar


E atenção para as dicas da poderosa Ilka Danusa:



Samba em Construção

Destaque do cenário musical no último verão, o canteiro de obras do samba baiano estreiou em setembro em novo local. Sempre a partir das 15h, uma vez por mês, o projeto Samba em Construção ocupa todos os espaços do Cine Teatro Solar Boa Vista, no bairro de Brotas. Além do novo espaço, nesta segunda edição, o evento traz novidades como os convidados especiais e homenagens a grandes mestres do samba. Os anfitriões continuam sendo os operários do samba Lucas do Pandeiro, a cantora Maira Lins e o grupo Menos um no Quartetto, formado pelos compositores e multi-instrumentistas Humberto Barretto, Ronaldo Nobre e Cassius Cardozo. Próxima "batida de laje" será no dia 30 de outubro - aguardem mais detalhes. Mais informações e imagens: www.sambaemconstrucao.com.br


Canto Torto

As noites de terça-feira em outubro vão oferecer uma alternativa para os amantes da música brasileira. O cantor baiano Vitor Passos – acompanhado pelo compositor Victor Longo ao violão e Paulo Giron na percussão – apresenta o projeto Canto Torto, de repertório constituído por clássicos do nosso cancioneiro (de gente como Ary Barroso, Dorival Caymmi, Nelson Cavaquinho, Elton Medeiros, Chico Buarque, Caetano Veloso e Jards Macalé). Sempre às terças-feiras, no Sunshine Bar e Restaurante (Rua Guedes Cabral, 20 – Rio Vermelho, em frente a Igreja de Sant’ana). Couvert: R$ 10.

12 de out. de 2011

Cinema quântico



Enquanto o elevador panorâmico de alta velocidade sobe, Jack se prosta ao fundo do veículo, em uma clara demonstração dos pensamentos que o atormentavam. Sua expressão facial e postura envergada denunciavam um misto de culpa, tristeza, arrependimento e dores de uma infância de abusos e opressão familiar.

Essa não é a primeira sequência, nem o clímax ou muito menos o desfecho do filme "A árvore da vida", de Terrence Malick, mas foi a que deixou uma marca indelével em minha mente. Como Melancolia, de Lars Von Trier - outro excelente drama psicológico em cartaz nos cinemas - o tempo e espaço são completamente subjetivos. E como a configuração de sentido depende desses dois eixos e se dá no olhar do observador, vejo nessas duas obras uma tendência que pode vir a se massificar mesmo: a física quântica. No popular: poderíamos dizer que tudo fica ao gosto do freguês.


A subjetividade em seu volume máximo não é uma novidade para o mundo das artes ou qualquer outra forma de expressão. Menos inovador ainda para os estudiosos da psi (freudianos, lacanianos e, pra mim, principalmente, junguianos). Essas duas obras, entretanto mexem tanto conosco, sentados confortavelmente nas cadeiras, que houve quem levantasse no meio do filme, pois não teve paciência - costumamos não ter paciência de olhar pra dentro de nós mesmos.

Malick "abusa" (no bom, ou melhor, ótimo sentido) do ritmo natural e "grita" bem alto pra o homem moderno, antenado, conectado, hiper-sociabilizado, dinâmico, veloz: A VIDA TEM SEU PRÓPRIO RITMO. NÃO TENTE ATROPELÁ-LA OU ELA LHE ATROPELA! Digo que "grita" porque o narrador silencioso da trama é a própria natureza com seu ritmo leeeeennnnto, majestoso e inquestionável.


Em Melancolia, Von Trier também "berra" para ver se acorda esse homem moderno tão ocupado com sua sociabilidade. A pergunta é: afinal, quem é normal? Com uma alta carga surrealista e simbólica, tal como Malick, ele propõe com maestria que nos libertemos das formas e padrões e que enxerguemos as pessoas em sua essência. Uma verdadeira declaração de amor universal. Uma verdadeira declaração de amor ao natural. Afinal, o homem é também parte da natureza.

Talvez você esteja se perguntando: será que essas foram realmente as ideias dos cineastas? Será que eles compartilham das atuais linhas de pensamento sobre quântica que elevam a consciência do observador ao status de criador definitivo? Não faço a menor ideia. E não importa. Esse é o meu olhar: único, quântico, inquietante, transformador, transmutador.


Escolhi (e guardei dentro de mim como um tesouso) mais uma sequência de "A Árvore da vida": Jack, personagem visceralmente encarnado por Sean Penn, desce no elevador e numa praia (imaginária ou real, não importa) revê e/ ou reconcilia-se com cada membro da sua família entre outras pessoas que passaram por sua vida. Pessoas que foram reais, mas que, na psique, tornam-se personagens de um enredo que nós próprios criamos, cada um a seu tempo e espaço, como lhe convier e puder.

Esse foi o salto quântico de Jack: decidiu reacriar o filme da sua vida com um novo enredo e seguir em frente. Afinal a vida precisa seguir em frente. E você, já escolheu a SUA sequência de filme preferida com o seu "olhar" quântico?


Imagens: www.imdb.com

26 de set. de 2011

Novas óticas sobre a africanidade


Dica do escritor Goulart Gomes:

A Livraria LDM, Ed. UNICAMP, Ed. Alameda e as autoras convidam para o lançamento dos livros "Os Rosários dos Angolas", de Lucilene Reginaldo, e "O Direito dos Escravos", de Elciene Azevedo. Nesta sexta-feira, 30 de setembro, à partir das 18h, no auditório do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO), na Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho. Mais informações: (71) 2101-8007 (LDM) ou 3283-5501 (CEAO) ou eventos@livrariamulticampi.com.br




Leia as orelhas virtuais:

Os Rosários dos Angolas
Irmandades de africanos e crioulos na Bahia Setecentista
Uma abordagem histórica ampla e arejada, que transcende fronteiras territoriais e pressupostos tacanhos, confere ao livro de Lucilene Reginaldo uma perspectiva inovadora ao iluminar com outras luzes um tema já trilhado pelos estudos da escravidão: a história das confrarias leigas de africanos e crioulos articulada à experiência da escravização e à do Império português.
Focalizando as irmandades setecentistas de Nossa Senhora do Rosário em cidades da África atlântica, da metrópole e da América portuguesa, historiciza os significados que tiveram para a vivência da escravidão e para a elaboração de identidades africanas fora e dentro do continente. Demonstra que foram um dos locus preferenciais da recuperação de uma humanidade danificada pelas contingências da escravização, tanto por mobilizar sentimentos de pertença, quanto por veicular devoções de livre escolha.
Por outro lado, ao iniciar a análise por uma problemática ainda pouco familiar aos leitores brasileiros – a da expansão do catolicismo na África Central –, sublinha a importância de se levar em conta a história pregressa das sociedades de onde vieram partes significativas da população brasileira.

Sobre a autora: Lucilene Reginaldo nasceu em Santo André-SP, fez graduação e mestrado em História na PUC-SP e doutorado em História Social na Unicamp. È atualmente professora de Teoria e Metodologia de História e História da África no departamento de Ciências Humanas e Filosofia da Universidade Estadual de Feira de Santana.

O Direito dos Escravos
O abolicionismo, importante movimento social no Brasil do século XIX, foi muitas vezes visto pela historiografia como resultante da ação de homens de sentimentos humanitários, que teriam tido a glória de resgatar os pobres negros do cativeiro.
Na contramão dessa memória, este livro evidencia que, em São Paulo, se o abolicionismo ganhou força e substância a partir da atuação de juízes e advogados como Luiz Gama e Antonio Bento, suas principais características se devem ao contato direto desses homens com as expectativas e ações dos próprios escravos.
Ao buscar os significados sociais que eles atribuíam ao direito e à lei, este livro questiona as interpretações tradicionais que dividem o abolicionismo paulista em uma fase “legalista” e outra “radical”.

Sobre a autora: Elciene de Azevedo possui graduação (1994), mestrado (1997) e doutorado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2003). Atualmente é professora da (UEFS).Tem experiência na área de História, com ênfase em História do Brasil, atuando principalmente nos seguintes temas: escravidão e movimento abolicionista, história do direito e das lutas jurídicas, experiência de trabalhadores escravos e livres no processo da abolição.

13 de set. de 2011

De cara com o escritor




A dica é: o escritor Goulart Gomes é a bola da vez no evento Encontro com o Escritor (ver post do dia 03/03/2011)nesta quinta, 15, às 15 horas, na Biblioteca Anísio Teixeira (Ladeira de São Bento, Salvador, Bahia). O evento é realizado pela Fundação Pedro Calmon, Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Quem puder ir, garanto que vale a pena.

Essa humilde blogueira que vos escreve faz questão de complementar a referência que ele apresentou de si mesmo no rodapé deste conto, na minha opinião, sucinta demais para retratá-lo fielmente. E escrevo aqui feliz da vida por ter recebido um sim de autorização do escritor para publicar esse conto no Lado B.

Detentor de mais de 60 prêmios, ao longo de quase 30 anos de carreira, o escritor baiano Goulart Gomes esteve, no último agosto, em Passo Fundo (RS) para receber mais um: o prêmio pelo Primeiro Lugar no 12º Concurso Nacional de Contos Josué Guimarães, durante a 14ª Jornada Nacional de Literatura. O evento contou com a presença da ministra Ana de Hollanda, também representando a presidenta Dilma Rousseff. Foram 2.400 contos de 802 concorrentes, a grande maioria de SP, RJ, MG e RS.

"Por uma Hogwart em cada bairro*

Que podemos esperar de uma criança que teve os seus pais assassinados por um bandido, que carregará pelo resto da vida as cicatrizes – no corpo e na alma – desse crime e que, além disso, é humilhado pelos parentes mais próximos e obrigado a dormir em um cubículo sob a escada da casa, que leva ao andar superior? Muito. Se ele tiver acesso uma boa Escola. Se você lembrou do bruxinho Harry Potter, acertou.



A Escola de Hogwart transformou a vida do garoto, que poderia estar condenado a ser um fracassado. Lá, ele esteve em contato com o Conhecimento, que leva ao Saber, estudando disciplinas que foram decisivas em sua epopeia, preparando-o para ser um grande bruxo (ou um grande profissional, se preferir). Mas não apenas isto. Na Escola de Hogwart ele teve a oportunidade de conhecer grandes mestres, que também lhe deram lições de coragem, honestidade, sinceridade, altruísmo e confiança.

Foi na Escola que ele fortaleceu amizades que durarão para sempre, pessoas que sempre estão ao seu lado nos momentos mais felizes, e nos mais difíceis, também. Afinal de contas, amigo é para sorrir e para chorar, juntos. Na Escola ele teve que se defrontar com inimigos, e realizar mais um aprendizado: ser digno e leal, mesmo quando os adversários não comungavam com estes valores.


A Escola transformou a vida de Harry, positivamente. É por isso que precisamos ter uma Hogwart em cada bairro, de cada cidade do país. Boas escolas, com professores preparados, valorizados e dedicados a contribuir para transformar cada aluno em um heroi da sua própria história: cidadãos respeitáveis, que se não salvarão o mundo, como Harry, poderão transformá-lo significativamente, vencendo as vilãs que jamais deveríamos dizer o nome: a Ignorância, a Miséria e a Desigualdade.

Além do mérito de ter conseguido fazer com que milhões de jovens despertassem o prazer pela leitura, Joanne Kathleen Rowling, a autora da série, nos deixou um grande legado ao demonstrar como a Escola é um maravilhoso espaço de transformação social e de formação de cidadãos livres, construtores do seu próprio Destino."

* Goulart Gomes é escritor, professor voluntário e teve bons mestres. (www.goulartgomes.com)

Imagens: Facebook Goulart Gomes e IMDb

16 de ago. de 2011

Sambando em alto estilo no Parque



Olha, Juliana Ribeiro aí, gente! Posto o release da artista que dispensa comentários para quem já conhece. E para quem não conhece ainda, só dou um conselho: vá assistir a um show dela, pois é um exemplo de talento, inteligência, simpatia e humildade.

Juliana Ribeiro lança primeiro CD solo no Parque da Cidade, neste domingo, às 11 horas da manhã. “Amarelo” é resultado de pesquisas da cantora e historiadora e apresenta as matrizes que constituem o samba.

"Ela é filha do Sol e de Oxum, pertence ao signo de Leão e tem como elemento chinês o fogo. Por esses e outros motivos, Amarelo foi o nome escolhido para o primeiro CD solo da compositora, intérprete e historiadora baiana, Juliana Ribeiro (32).

A obra é composta por uma vasta pesquisa que traz inusitada harmonia entre ritmos como o jongo, o semba, o batuque, a Música Popular Brasileira (MPB), o lundu, o ijexá, o maxixe e o samba. Dessa forma, Juliana Ribeiro se apresenta ao público como uma artista completa, sem rótulos ou limitações, durante o show de lançamento no dia 21 de agosto, no Parque da Cidade, no mesmo dia em que a artista comemorará seu aniversário.



O CD contou com a direção musical Duarte Velloso e o brilhantismo de Ricardo Hardmann, André Tiganá, Wilton Batata, Kiko Souza, além de outros músicos convidados e participações especiais do Coro de Cor e Roberto Mendes. O repertório é formado por composições próprias e de grandes nomes do cenário musical baiano como Tiganá Santana, Reginaldo Souza, feitas especialmente para esse CD, e os maiores sucessos em seus dez anos de carreira.

Cada música carrega um significado especial para Juliana. “Eu vim das águas”, por exemplo, foi feita especialmente para Yemanjá. “Gostaria de homenageá-la e agradecê-la pela companhia de toda uma vida. Sonhei com o refrão e assim que acordei compus a letra e a melodia”, disse. “Xica Xangô de Ouro”, composta pelo irmão da cantora, Arthur Ribeiro, é uma das faixas que chamam mais atenção no CD, pela sonoridade do Ijexá. “Edith” foi um presente, pois foi o autor, J. Veloso, quem escolheu Juliana para interpretá-la.

No palco, a cantora usa e abusa de recursos e faz um verdadeiro espetáculo. Entre uma interpretação e outra, Juliana entretém o público com histórias sobre os ritmos cantados e que contam a trajetória do samba na música popular brasileira. "É um espetáculo que reúne três séculos de canção", diz.

Um dos momentos mais esperados acontece durante a apresentação da música “Atraca Atraca”, que apresenta o ritmo afro-brasileiro chamado Jongo, uma das matrizes pesquisadas pela artista. Para ilustrar melhor o ritmo, a dançarina e professora Vânia Oliveira (Funceb), foi convidada para coreografar essa manifestação no palco.



“A intenção é que a platéia compreenda mais sobre os ritmos através da dança”, explica Juliana. O CD é patrocinado pelo Governo do Estado da Bahia, por meio da Bahiagas e do Faz Cultura, e produzido pela Baluart Produtora Cultural e Deo Carvalho.


O QUE? Lançamento do CD AMARELO de Juliana Ribeiro

QUANDO? Domingo, 21 de agosto
ONDE? Parque da Cidade- Projeto Música no Parque
HORAS? 11h da manhã ( pontualmente)
OBS.: Os CDs estarão à venda no local com preço promocional de 20 reais"


15 de ago. de 2011

Confira o cardápio do Restaurant Week




Como eu já bloguei, no dia 15 de agosto, começa hoje a 1ª edição do Salvador Restaurant Week. A maratona gastronômica de uma semana contará com os melhores restaurantes da cidade que servirão menus especiais com entrada, prato principal e sobremesa a preços promocionais.

Os cardápios especiais com entrada, prato principal e sobremesa serão oferecidos a R$ 28,90 no almoço e a R$ 39, no jantar (bebidas, serviço e couvert não inclusos).

Estou indo agora almoçar em um dos restaurantes do evento! Hummm...

Clique aqui para conferir o cardápio do Salvador Restaurant Week.




Imagens:
Salvador Restaurant Week

9 de ago. de 2011

Novos convidam veteranos




Projeto lindo: artistas pouco conhecidos convidam veteranos ou vice-versa... Como estou fora da cidade a serviço da empresa, não pude escrever esse post antes. Mas ainda dá tempo vocês se programarem. É de graça, de alto nível e será pura diversão. Sem mais delongas (até porque não posso demorar... rsrsr...), reproduzo texto do Ibahia. Encontro você lá, ok?

Conexão Vivo BA está de volta a Salvador com 55 atrações de diferentes regiões do país. Entre 11 e 14 de agosto, artistas já consagrados da música brasileira e destaques da nova cena dividem dois palcos, pelo segundo ano consecutivo, na Praça Wilson Lins (ex-Clube Português). São quatro noites de intensa programação, com shows que começam cedo: 18h30, de quinta a sábado, e às 17h ao domingo. A entrada é franca.

Atrações

11/08 – quinta-feira – às 18h30
Juliana Sinimbú (PA) convida Felipe Cordeiro (PA)
Black Sonora (MG) convida Di Melo (PE)
Juarez Maciel (MG) e Grupo Muda (MG) convidam Edgard Scandurra (SP)
Marku Ribas (MG) convida Zérró Santos
Gilvan de Oliveira (MG) convida Armandinho (BA)
Porcas Borboletas (MG) convida Paulo Miklos (SP)
Ortinho (PE) convida Pepeu Gomes (BA)

12/08 – sexta-feira – às 18h30
Babilak Bah (PB) convida Chico Correa (PB)
Iva Rothe (PA) convida Gerônimo Santana (BA)
Três na Folia - Cláudia Cunha, Manuela Rodrigues e Sandra Simões (BA)
Márcia Castro (BA) convida Mariella Santiago (BA), Mariana Aydar (SP) e Mayra Andrade (Cabo Verde)
Pedro Morais (MG) convida Maglore
Gaby Amarantos (PA)
Lenine (PE)

13/08 – sábado – às 18h30
Sertanília (BA) convida Nego Henrique (PE) e Emerson Calado (PE)
Família de Rua na Estrada (MG) apresenta Duelo de MC´s (MG )
Alisson Menezes e a Catrupia (BA) convidam Paulo Monarco (MT) e Maviael Melo (BA)
Érika Machado (MG) convida Rebeca Matta (BA)
Senta a Pua! (MG) convida Elza Soares (RJ) e Eduardo Neves (RJ)
Samba do Compositor (MG) convida Mariene de Castro (BA)
A Cor do Som (BA)

14/08 – domingo – às 17h
Grupo Percussivo Mundo Novo (BA) convida Wilson das Neves (RJ)
Peu Meurray (BA) convida Magary (BA)
Manuela Rodrigues (BA ) convida Romulo Fróes (SP)
Gustavo Maguá (MG) convida Marco Mattoli (SP)
Celso Moretti (MG) convida Edson Gomes (BA)
Flávio Renegado (MG) convida Lenine (PE)


Textos e imagens: Ibahia

31 de jul. de 2011

Roteiro popular de alta gastronomia


Calma... Você que é louco por gastronomia, mas se sente impedido de usufruir desse prazer por conta de custo, não tenha uma taquicardia achando liberou geral, todo mundo resolveu baixar preço de tudo de uma vez. Trata-se de um evento, durante uma semana, envolvendo alguns dos melhores restaurantes da cidade - dica da colega Zorilda, grande amante da boa mesa.



"Pela primeira vez em Salvador o Restaurant Week, uma das maiores semanas gastronômicas do mundo, que acontece na capital baiana de 15 a 28 de agosto em 40 restaurantes.

Realizado há 20 anos pela primeira vez em Nova York, traz como principal regra reunir os melhores restaurantes e pratos com preço único. Ou seja, todos os estabelecimentos participantes devem oferecer entrada, prato principal e sobremesa a R$ 28,90 no almoço e a R$ 39,00 no jantar, sendo que bebidas, serviço e couvert não estão inclusos.

Hoje, o evento já passa por cidades brasileiras como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Espírito Santo e São Paulo.

No Salvador Restaurant Week (SSARW), já estão confirmados nomes como Amado, Ercolano, Mme Champanharia, Barbacoa, Veleiro, All Saints, Soho, Baby Beef Gamboa, Piola, La Figa, Bella Napoli, Milque, Lafayette, Carro de Boi, dentre outros.



Na programação, a expectativa é que mais de 10 mil pessoas experimentem os 50 mil pratos que farão parte do festival de cultura e sabores e ainda possam ajudar as Obras Sociais Irmã Dulce com a contribuição opcional de R$ 1,00.

Na organização, Licia Fabio Produções, experiente no ramo de outros eventos gastronômicos como o Nordeste Gourmet, realizado há quatro edições e Wine Bahia, que completou este ano sua sétima edição, além da Mica, empresa de mídia exterior.

Dentre os patrocinadores, Mastercard, co-patrocínio Sodexo, apoio Redecard e harmonização Ana Import que vai oferecer ao público vinhos de qualidade a preços inferiores aos de venda na loja. Para os clientes Mastercard Black e Platinum uma novidade. Todos terão a oportunidade de participar da semana gastronômica com exclusividade de 08 a 14 de agosto."

Texto adaptado do site Salvador Acontece

Imagens: Brasil Restaurante Week

24 de jul. de 2011

Viagens sobre a telona




Dica da minha amiga do coração, Rosa Leiro: começa amanhã, às 14 horas, e vai até o dia 30 de julho, o VII Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual - Cine Futuro. Os locais são Teatro Castro Alves, Goethe-Institut/ICBA, Salas Walter da Silveira e Alexandre Robatto e Hotel Sol Victoria Marina. Vale a pena visitar o site Cine Futuro para saber como se inscrever e ficar por dentro da extensa e rica programação. Tem co-patrocínio da Petrobras.

O evento terá mesas redondas, diálogos, palestras, mostra retrospectiva Bernardo
Bertolucci (uau!!!), ciclo de palestras, mostras internacional de filmes, competitiva de curtas, além das especiais: Sandrine Bonnaire, Amor à Francesa, Indicados EFA 2010 e Animação Francesa.

Entre os convidados: Peter Jospeh, Sonja Heinen,Zelito Viana, Leonard Retel Hemlrich, Ivana Bentes, Ricardo Miranda, Miguel Coyula, Antoine De Baecque, Charles Tesson, André Sturm, Diego Rodríguez, Arthur Omar, François Bonenfant, François Rabaté, Gilberto Felisberto Vasconcelos, João Carlos Teixeira Gomes, Maria do Rosário Caetano e Messias Bandeira.

Texto adaptado da página do evento no Facebook

16 de jul. de 2011

Salvador recebe Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais*




A cidade de Salvador foi escolhida para abrigar, pela primeira vez, o bianual e internacional Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, este ano em sua décima primeira edição. Tem como tema central as "Diversidades e (Des)Igualdades", o congresso acontecerá nos dias 7, 8, 9 e 10 de agosto, na Reitoria da Universidade Federal da Bahia e nas unidades do Campus Ondina da UFBA (PAF).

Participam do evento conferencistas de renome internacional, como o escritor moçambicano Mia Couto, profissionais e estudantes das áreas das Ciências Sociais, História, Africanidades, Linguística, Literatura e áreas afins, de todo o mundo, que falem português.

Organizado por um comitê composto de pesquisadores de todas as universidades públicas da Bahia, com a coordenação do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) da Universidade Federal da Bahia, o XI Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais realizará conferências, mesas coordenadas com especialistas, encontros paralelos e terá uma rica programação cultural, com lançamentos de livros e shows.

As inscrições para apresentação de trabalho no XI Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais já estão encerradas. Estão sendo aceitos apenas participantes ouvintes. Informações adicionais podem ser encontradas no site do Congresso.


*Adaptado do texto da jornalista Doris Pinheiro

2 de jul. de 2011

Nosso aeroporto é 2 de julho




Acabei não indo pra o desfile do 2 de julho, pois acordei tarde (semana cansativa...). Amigos, perdoem-me a ausência. Ano que vem faço nova tentativa. Mas acabei me passando de dar a minha humilde contribuição e declarar o meu respeito por essa data tão importante para o nosso estado e, para quem conhece bem a história, para o nosso país: a Independência da Bahia. Aí pensei: "postando até meia-noite, vale!" ;)

Existe um projeto de lei do deputado Luiz Alberto que tramita (creiam!) desde 2002, para restituição do nome do aeroporto internacional baiano. O site www.meuaeroportoe2dejulho.com.br abre espaço para o povo contribuir com essa causa, assinando um manifesto popular. Se você concorda, vai lá e assina!

Eu assinei no ano passado, acabei de assinar de novo em 2011 e assinarei quantas vezes for necessário até que o nosso aeroporto volte a ser nosso.

Eis a mensagem que deixei lá:

Srs. parlamentares,

Vidas e vidas se perderam em prol de um ideal maior: a Indepedência da Bahia, 2 de julho, que foi também o estopim para Independência do Brasil. Como um fato tão importante para a nossa história pode ser riscado dessa forma da vida dos baianos com a mudança do nome de nosso único aeroporto internacional para o nome de um parlamentar (bom, mas não tão importante assim)? Está certo uma brilhante e heróica ação histórica da coletividade ser suplantada em detrimento de interesses de indivíduos?

Está na hora do Brasil agir enquanto nação e deixar de lado interesses isolados, pois a união é que nos fortalece enquanto povo e cultura, especialmente nesse cenário de globalização.

Fico muito agradecida desde já por sua sensibilidade e demonstração de sabedoria ao acolher essa proposta.

E tenho certeza que a nação brasileira, em gratidão, vai guardar nos anais da história os nomes dos homens que resgataram essa fundamental e marcante passagem da nossa trajetória de lutas e conquistas.

9 de jun. de 2011

Da sala de aula para o mundo*




Quilombola é o quê? A jornalista Jaqueline Barreto resolveu responder esta instigante pergunta através do documentário Ser Quilombola. O filme expõe a realidade das comunidades de São Francisco do Paraguaçu e Porteiras, localizadas nos municípios de Cachoeira e Entre Rios, respectivamente, no Recôncavo baiano. Na terça-feira, dia 6 de junho, o vídeo foi lançado na Assembléia Legislativa da Bahia para uma platéia repleta de integrantes das localidades onde o filme foi rodado. Muitos deles exibiam o nervosismo e a ansiedade pelo instante mágico de se ver na tela pela primeira vez.

Ao longo dos 27 minutos, o filme aborda os vários aspectos que configuram a afirmação identitária dos descendentes de quilombos. A produção se originou de um trabalho de conclusão do curso em jornalismo no ano de 2010, na Faculdade Social da Bahia, e o resultado ultrapassa os limites de um trabalho acadêmico. Diante da tela se sucedem depoimentos de remanescentes das comunidades, alternados com outros, de representantes da academia, como os historiadores Ubiratan Castro e João José Reis. O diálogo fílmico entre essas duas realidades é muito bem costurado pela direção segura da jovem diretora Jaqueline, que faz sua estreia como se fosse o trabalho de gente grande por trás das câmeras.

Ela revela que sua motivação para o filme nasceu do desejo de “desmitificar os estigmas do significado de ser Quilombola, que vai além dos elementos mais visíveis como ser negro, o samba de roda, o pilão e a casa de farinha”. Estes sinais, associados à referência de comunidades paradas no tempo, contribuem para reafirmar uma visão equivocada da dinâmica social e cultural, que estão presentes na realidade cotidiana.

Com muita sutileza, o documentário discute temas que configuram a identidade Quilombola. Os depoimentos, as imagens e uma edição competente, constroem reflexões sobre os laços de parentesco, a violência real e simbólica do racismo, e a complexa relação com a terra, que ultrapassa a posse do espaço físico e traz para discussão a transmissão da territorialidade como uma história de resistência étnica e cultural, numa sociedade que faz um trabalho secular de desconstrução da autoestima dos afrodescendentes.

Ao final do filme, Jaqueline Barreto consegue captar e expor na tela a força e a resistência dos Quilombolas de São Francisco do Paraguaçu e Porteiras, que reafirmam sua condição ancestral com o brado de resistência, “sou Quilombola”. O olhar firme para a câmera é como se mirassem novos tempos, uma nova escrita da história, memória e outros modos de vida, sem perder os vínculos com o passado. Após a estreia no espaço urbano, o documentário, a partir de agora, vai percorrer as comunidades remanescentes de quilombos na Bahia, para exibir o real significado e a força do que é Ser Quilombola.

Ficha Técnica:
Roteiro: Jaqueline Barreto e Mídiã Santana
Direção e Edição: Jaqueline Barreto
Produção: Deraldo Leal
Edição de imagens: Charles Del Rei e Sandro Lucena
Cinegrafistas: Edilson Lima e Paulo César

*Artigo do jornalista e doutor em cultura e sociedade (Ufba)Alberto Freire, além de um eterno encantado com as coisas belas da vida.

4 de jun. de 2011

Jesus Cristo e Hitler???





O que poderia ter em comum Jesus Cristo e Hitler? Em mundo em que quase tudo sofre intermediações - característica precípua e elevada a grande magnitude na era dos meios de massa - diria que eles podem ter centenas de coisas em comum.

Confesso que reflito e posto sobre esse assunto neste momento, porque estou morrendo de orgulho de meu querido colega e amigo Daniel Veiga: este belo registro que vos chega por este humilde blog é de sua sua autoria e recebeu menção honrosa no I Salão de Fotografia do Salvador Foto Clube.

Mas todos podem conferir esta e mais 29 fotos até o dia 26 de junho na Caixa Cultural (Rua Carlos Gomes, 57, Centro), de terça a domingo, das 9h às 18h, com entrada franca. A premiação ocorreu em maio e em seguida foi aberta para o público, a exposição que demonstra um pouco do atual panorama fotográfico da Bahia.

Confira as fotos selecionadas

Mais informações:
www.caixacultural.com.br
www.salvadorfotoclube.com.br

1 de mai. de 2011

Cinema com C




Um dos profissionais mais respeitados da cena cultural de Salvador, o jornalista Adalberto Meireles, acaba de lançar um blog sobre cinema: Ponto C de Cinema .

Fiz questão de não escrever nenhum texto aqui, porque preferi reproduzir as palavras dele - absolutamente irretocáveis - sobre ele mesmo e essa bela iniciativa. Parabéns, Adalbe!

"Jornalista e crítico de cinema, trabalhei nos jornais A TARDE e Correio e coordenei a programação das salas Walter da Silveira e Alexandre Robatto, em Salvador.

Tomo emprestado o título de um livro do diretor francês François Truffaut (1932-1984), O prazer dos olhos, como slogan desta jornada que agora proponho. Quero fruir. Provocar, perguntar e responder: por que um filme, um cartaz, uma foto, uma sequência, uma simples imagem de cinema inquieta e emociona tanto.

Nada melhor do que ter como inspiração um homem como Truffaut, um dos mais renomados cineastas franceses do pós-guerra, um teórico do cinema, do filme, da arte do filme. A arte de ver, colher e escolher as cenas. Ao prazer, então."


Texto aspeado (com formatação adaptada): Adalberto Meirelles
Imagem: Ponto C de Cinema

21 de abr. de 2011

Lei de Direitos Autorais recebe contribuições públicas


Trabalhadores (e amantes) da cultura, uni-vos! Confira no texto abaixo, postado no site do Ministério da Cultura, como e quando você pode contribuir na última fase de revisão da LDA.



"Entre os dias 25 de abril e 30 de maio, o anteprojeto (APL) que modifica a Lei de Direitos Autorais receberá contribuições da sociedade. O período de sugestões – cujo objetivo é aperfeiçoar o texto – inicia a última etapa de elaboração da proposta final a ser apresentada pelo governo ao Congresso Nacional. Conforme anunciado no dia 22 de março, o Ministério da Cultura divulga o cronograma com as próximas ações para que a sociedade possa acompanhar seu andamento.

Cronograma

- 25 de abril a 30 de maio: recebimento de contribuições da sociedade com propostas de alteração de artigos do anteprojeto de lei e suas justificativas.
- 4 de maio: apresentação do APL ao Conselho Nacional de Políticas Culturais (CNPC), explicitando os eixos de revisão para o aperfeiçoamento de seu texto;
- Durante o mês de maio: participação do MinC/DDI em audiências públicas na Comissão de Educação e Cultura da Câmara Federal e do Senado Federal;



- Última semana de maio: realização pelo MinC/DDI de evento público para apresentação e apreciação de contribuições da sociedade para a revisão do APL de reforma da Lei Autoral Brasileira;
- Até 14 de julho: elaboração da redação final do anteprojeto pelo MinC, submissão do APL revisado ao Grupo Interministerial de Propriedade Intelectual (GIPI), realização de adequações ao texto do APL; e
- 15 de julho: envio do APL à Casa Civil pela ministra da Cultura, Ana de Hollanda.

Sugestões

A Diretoria de Direitos Intelectuais do MinC detectou sete pontos que merecem aperfeiçoamento e consenso (veja abaixo). As manifestações a respeito deles e de outros deverão ser encaminhadas em formulário específico para o e-mail revisao.leiautoral@cultura.gov.br ou correspondência postal no endereço Diretoria de Direitos Intelectuais – DDI/MinC – SCS Quadra 09, Lote C, Ed. Parque Cidade Corporate – Torre B, 10º andar. CEP: 70.308-200 Brasília DF.



Principais pontos da etapa de aperfeiçoamento

1. Limitações aos direitos do Autor (Arts. 46,47, 48 e 52-D);
2. Usos das obras na internet (Arts. 5º, 29 e 105-A e 46, II);
3. Reprografia das obras literárias (Arts. 88-A, 88-B, 99-B);
4. Da Obra sob encomenda e decorrente de vínculo (Arts. 52-C);
5. Gestão coletiva de Direitos Autorais (Art. 68 §§ 5º, 6º, 7º e 8; arts.86, 86-A,98, 98-B, 98-C,98-D, 99 §6º, 99-A, 99-B e 100);
6. Supervisão estatal das entidades de cobrança e distribuição de diretos (Arts. 98§2º, 98-A, 100-A, 100-B, 110-A, 110-C);
7. Unificação de registro de obras (Arts. 19, 20, 30, 113-A).



Para facilitar a elaboração das contribuições, o MinC também está tornando público um quadro comparativo da atual lei, do anteprojeto submetido à consulta pública no ano passado e da versão pós consulta pública, enviado à Casa Civil em dezembro de 2010."


Texto: Ascom/MinC (grifos deste blog)
Imagens: www.sxc.hu

10 de abr. de 2011

Ópera nacionalista, com muito orgulho!




A maior ópera brasileira ganha sua primeira montagem baiana, numa iniciativa da Associação Lírica da Bahia (Alba). A obra clássica do maestro Carlos Gomes vai ao palco com 170 artistas, entre solistas convidados, integrantes da Alba, músicos da Orquestra Sinfônica da Bahia, atores e bailarinos da Escola de Dança da Fundação Cultural do Estado. A direção é do mineiro Francisco Mayrink e a regência do maestro baiano Pino Onnis.

A ópera, composta em quatro atos (Os Aventureiros, Peri, Os Aimorés e A Catástrofe), estreou no Teatro Scala de Milão, na Itália, em 1870, com libreto em italiano de Antonio Scalvini, e conquistou imediatamente uma grandiosa repercussão.



"O Guarani" se baseia no primeiro romance indianista de José de Alencar, escrito originalmente em 1857 e que transcorre no Brasil de 1560, no litoral do Rio de Janeiro. Para viver o casal protagonista, Ceci e Peri, foram convidados a soprano Vilma Bittencourt (DF) e tenor Rinaldo Leone (SP), ambos com carreira internacional.

Dias 28, 30 de abril e 2 de maio
Horário: 20 horas
Ingresso (inteira): R$ 30"

Texto adaptado do site do TCA

Imagens: Peregrina cultural
O melhor cantinho cultural

3 de abr. de 2011

Bahia no mundo das letras



Apesar da maioria das pessoas achar que Salvador é totalmente musical, é sempre bom lembrar que música (música de verdade, hein, gente!) é poesia também. Além do mais, penso que poesia - embora tenha definições técnicas específicas - está em toda forma de literatura, na fala, nos atos, na vida...



Por isso, temos que valorizar aqueles que se dedicam a manter viva e (re)construir a cada dia essa belíssima e insubstituível forma de arte que é a literatura. Vamos prestigiar os escritores da soterópolis em primeiro lugar: comprando e lendo seus livros; valorizando suas iniciativas, às vezes, tímidas em termos de visibilidade e volume, mas repletas de qualidade.

Esse é o caso do Encontro com o escritor, evento que ocorre uma ou duas vezes por mês, ao longo do ano, promovido pela Fundação Pedro Calmon, confira a agenda no site www.fpc.ba.gov.br ou pelos telefones (71) 3116-6838/6837 e participe:

17 de abril - Jaime Sodré
20 de abril - João Carlos Teixeira Gomes
Maio - Cyro Mattos e Lilia Gramacho
Junho - Adelice Souza e José Antonio Pereira dos Santos
Julho - Nadia São Paulo
Agosto - Mônica Menezes
Setembro - Goulart Gomes e Sérgio Mattos
Outubro - Iranai Barretto
Novembro - Eny Kleyde Vasconcelos Farias




Imagens: www.fpc.ba.gov.br

26 de mar. de 2011

Vamos pensar em sustentabilidade?


Minha amiga Djenane enviou-me, há algum tempo, essa programação chamada de Carrossel Itinerante, mas confesso que, apesar de achar muito interessante, restringi-me a divulgar por e-mail para alguns amigos e conhecidos.

Duas apresentações já acorreram, mas ainda há tempo para divulgar mais duas. O Carrossel Itinerante é um ciclo de palestras que acontece sempre às primeiras terças-feiras de cada mês, às 19h30, no auditório do Ciranda Café Cultura & Artes, Rua Fonte do Boi, nº131, 1º andar, Rio Vermelho. O evento é gratuito e livre para todas as idades. O tema é livre e o facilitador define a metodologia de apresentação, com duração aproximada de 1 hora e 30 minutos.





Tema: A contribuição da Sistematização de Experiências para o desenvolvimento do campo Agroecológico.
Data: 05 de abril de 2011

Durante mais de uma década o IPB desenvolveu o projeto Policultura no Semiárido em três municípios baianos. Ganhador de vários prêmios, certificado como tecnologia social e apontado pela ONU como uma prática vitoriosa no combate à fome e à pobreza no Brasil, o projeto gerou inúmeros processos de aprendizagem.



Mediante esforço de reconstrução da experiência por meio da sistematização e da análise crítica, foi possível identificar significativas lições, que serão compartilhadas durante o carrossel.

Palestrante: Cinara Del'arco Sanches, Engenheira Agrônoma, Coordenadora do Projeto Policultura no Semiárido


Tema: Conhecendo as Águas Subterrâneas
Data: 03 de maio de 2011

Águas subterrâneas - todos usam, mas não a conhecem
A maior parte da água subterrânea, dentro de algumas centenas de metros abaixo da superfície, está em movimento. Diferente do fluxo dos rios que são medidos em km/h, a água subterrânea se move tão lentamente que as velocidades são expressas em centímetros por dia ou metros por ano.



A razão para esse contraste é facilmente explicado. Enquanto que as correntes fluem através de canais abertos, a água subterrânea se move através de pequenas passagens, freqüentemente ao longo de caminhos tortuosos. Por isso, o fluxo da água subterrânea depende, em grande parte, da natureza da rocha ou do sedimento, através do qual ela se move, ela flui para a superfície de rios ou lagos, ou para os oceanos.

Palestrante: Zoltan Romero - Geólogo, Especialista em Recursos Hídricos e Mestrando em Qualidade de Águas Subterrâneas


Imagens: www.sxc.hu

19 de mar. de 2011

Brutalidade e ternura no Velho Oeste*

Os irmãos Cohen levaram muito a sério a responsabilidade de refazer Bravura Indômita (True Grit - Irmãos Cohen), o clássico faroeste que consagrou o ícone John Wayne ao trazê-lo numa espécie de autocaricatura, na qual quebrou seu estereótipo de durão e somou grande dose de humanidade.



O filme trata da garota Mattie Ross, que contrata o ex-xerife (ou no caso atual um marshall) mais durão da praça para perseguir o assassino do seu pai. O marshall caolho, Rooster Cogburn, é personificado por um Jeff Bridges bastante impressionante. Junta-se a eles um agente californiano interpretado por um fantasticamente irreconhecível Matt Damon.

Pouco a pouco, o trio vai entrando em território indígena, ou seja, rumo ao perigoso desconhecido, e seus personagens vão deixando a caricatura e começam a se tornar mais humanos, rumo ao perigoso desconhecido de cada alma, com vidas marcadas pelo amargor e decepção. Assim também, as situações, engraçadas do início, vão se tornando cada vez mais assustadoras.



Após vários e cômicos entreveros, a dupla compreende finalmente que a caçada está fria e, para o amargor e decepção da garota, decidem desistir. Mas, eis que, de repente, tudo muda. Ao longo do filme, vamos percebendo que o nojento, violento e beberrão Cogburn é na verdade um homem nobre e terno. A presença progressiva da neve à medida que se encerra o outono e se avança a terras altas, além das grandes paisagens inóspitas, deixa claro o destino cinzento e solitário que aguardará a personagem central, exposta a tamanha violência tão cedo na vida.

Uma crítica apontou que a versão dos Cohen, mais brutal, é muito mais fiel ao livro (True Grit – Charles Portis) que o filme original. A mistura do cômico com o violento é perfeita para os Cohen. Temos ainda a tradicional galeria de tipos histriônicos, trechos de aspecto onírico e o sempre presente tema da infantilidade norte-americana, que, para a dupla de diretores, está relacionada à teimosia e estupidez (stubborness, o nosso “partir para a ignorância”).



Curiosamente, a personagem central, a determinada e ao mesmo tempo pedante garota Mattie Ross, de 14 anos (que não se cansa de oferecer bons advogados a todos, numa sátira à sociedade americana moderna), interpretada por Haille Stainfield, justamente se caracteriza pela precocidade, mas numa inversão apenas aparente do tema. Ela, antes de todos, é a maior personificação desse comportamento teimoso e estúpido.

Assim, a crítica vêm aclamando os irmãos Cohen por terem abandonado, madura e respeitosamente, seu cinismo nesta película, e eu discordo disso profundamente. Ao glorificar esses três personagens teimosos e estúpidos, o grau de cinismo dos diretores atinge uma profundidade inédita, porque ele não está infantilmente explícito. Quando aplaudimos e saímos do cinema satisfeitos com o brio heróico dos personagens, somos exatamente a piada dos Cohen. Ao aprovar o comportamento, assumimos nossa posição.



O faroeste norte-americano já passou por diversas fases, sempre tentando adequar um tema clássico às mudanças da sociedade. Dos filmes de cavalaria do pós-guerra, onde o inimigo era o índio, passando pelo faroeste sentimental, depois o psicológico, sendo provavelmente a mais recente tentativa Brokeback Mountain, o cowboy gay.

True Grit vem da fase mais sentimental e humana, e gira em torno da figura do lone ranger, o cowboy solitário e sem patrão, que vaga pelo imenso oeste onde a ordem não é institucionalizada. Outro clássico desse gênero, mas bem mais “bangue bangue“ é Sete Homens e Um Destino (The Magnificent Seven, John Sturgess, 1960, com Steve McQueen, Yul Brynner, James Coburn e Charles Bronson!...), a história dos sete pistoleiros que se reúnem para defender agricultores familiares dos ataques dos latifundiários.


Curiosamente, tanto a figura do lone ranger como o filme Sete Homens têm uma inspiração direta na mitologia do cinema japonês, se Quentin Tarantino acha que esse diálogo é coisa nova. O lone ranger está ligado à figura do rônin, o samurai que teve sua casa feudal destruída e é obrigado a perambular sozinho pelo país, sem patrão. E Sete Homens é uma adaptação da obra Os Sete Samurais (Shichinin no Samurai, de Akira Kurosawa, 1954, com Toshiro Mifune, o “John Wayne japonês”).


Texto de Nelson Doy Jr., publicitário, mora no Rio de Janeiro e é o crítico de cinema "oficial" deste humilde blog.

Imagens: www.imdb.com