Crédito desta foto: eu mesma inspiradíssima...

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26 de set. de 2011

Novas óticas sobre a africanidade


Dica do escritor Goulart Gomes:

A Livraria LDM, Ed. UNICAMP, Ed. Alameda e as autoras convidam para o lançamento dos livros "Os Rosários dos Angolas", de Lucilene Reginaldo, e "O Direito dos Escravos", de Elciene Azevedo. Nesta sexta-feira, 30 de setembro, à partir das 18h, no auditório do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO), na Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho. Mais informações: (71) 2101-8007 (LDM) ou 3283-5501 (CEAO) ou eventos@livrariamulticampi.com.br




Leia as orelhas virtuais:

Os Rosários dos Angolas
Irmandades de africanos e crioulos na Bahia Setecentista
Uma abordagem histórica ampla e arejada, que transcende fronteiras territoriais e pressupostos tacanhos, confere ao livro de Lucilene Reginaldo uma perspectiva inovadora ao iluminar com outras luzes um tema já trilhado pelos estudos da escravidão: a história das confrarias leigas de africanos e crioulos articulada à experiência da escravização e à do Império português.
Focalizando as irmandades setecentistas de Nossa Senhora do Rosário em cidades da África atlântica, da metrópole e da América portuguesa, historiciza os significados que tiveram para a vivência da escravidão e para a elaboração de identidades africanas fora e dentro do continente. Demonstra que foram um dos locus preferenciais da recuperação de uma humanidade danificada pelas contingências da escravização, tanto por mobilizar sentimentos de pertença, quanto por veicular devoções de livre escolha.
Por outro lado, ao iniciar a análise por uma problemática ainda pouco familiar aos leitores brasileiros – a da expansão do catolicismo na África Central –, sublinha a importância de se levar em conta a história pregressa das sociedades de onde vieram partes significativas da população brasileira.

Sobre a autora: Lucilene Reginaldo nasceu em Santo André-SP, fez graduação e mestrado em História na PUC-SP e doutorado em História Social na Unicamp. È atualmente professora de Teoria e Metodologia de História e História da África no departamento de Ciências Humanas e Filosofia da Universidade Estadual de Feira de Santana.

O Direito dos Escravos
O abolicionismo, importante movimento social no Brasil do século XIX, foi muitas vezes visto pela historiografia como resultante da ação de homens de sentimentos humanitários, que teriam tido a glória de resgatar os pobres negros do cativeiro.
Na contramão dessa memória, este livro evidencia que, em São Paulo, se o abolicionismo ganhou força e substância a partir da atuação de juízes e advogados como Luiz Gama e Antonio Bento, suas principais características se devem ao contato direto desses homens com as expectativas e ações dos próprios escravos.
Ao buscar os significados sociais que eles atribuíam ao direito e à lei, este livro questiona as interpretações tradicionais que dividem o abolicionismo paulista em uma fase “legalista” e outra “radical”.

Sobre a autora: Elciene de Azevedo possui graduação (1994), mestrado (1997) e doutorado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2003). Atualmente é professora da (UEFS).Tem experiência na área de História, com ênfase em História do Brasil, atuando principalmente nos seguintes temas: escravidão e movimento abolicionista, história do direito e das lutas jurídicas, experiência de trabalhadores escravos e livres no processo da abolição.

13 de set. de 2011

De cara com o escritor




A dica é: o escritor Goulart Gomes é a bola da vez no evento Encontro com o Escritor (ver post do dia 03/03/2011)nesta quinta, 15, às 15 horas, na Biblioteca Anísio Teixeira (Ladeira de São Bento, Salvador, Bahia). O evento é realizado pela Fundação Pedro Calmon, Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Quem puder ir, garanto que vale a pena.

Essa humilde blogueira que vos escreve faz questão de complementar a referência que ele apresentou de si mesmo no rodapé deste conto, na minha opinião, sucinta demais para retratá-lo fielmente. E escrevo aqui feliz da vida por ter recebido um sim de autorização do escritor para publicar esse conto no Lado B.

Detentor de mais de 60 prêmios, ao longo de quase 30 anos de carreira, o escritor baiano Goulart Gomes esteve, no último agosto, em Passo Fundo (RS) para receber mais um: o prêmio pelo Primeiro Lugar no 12º Concurso Nacional de Contos Josué Guimarães, durante a 14ª Jornada Nacional de Literatura. O evento contou com a presença da ministra Ana de Hollanda, também representando a presidenta Dilma Rousseff. Foram 2.400 contos de 802 concorrentes, a grande maioria de SP, RJ, MG e RS.

"Por uma Hogwart em cada bairro*

Que podemos esperar de uma criança que teve os seus pais assassinados por um bandido, que carregará pelo resto da vida as cicatrizes – no corpo e na alma – desse crime e que, além disso, é humilhado pelos parentes mais próximos e obrigado a dormir em um cubículo sob a escada da casa, que leva ao andar superior? Muito. Se ele tiver acesso uma boa Escola. Se você lembrou do bruxinho Harry Potter, acertou.



A Escola de Hogwart transformou a vida do garoto, que poderia estar condenado a ser um fracassado. Lá, ele esteve em contato com o Conhecimento, que leva ao Saber, estudando disciplinas que foram decisivas em sua epopeia, preparando-o para ser um grande bruxo (ou um grande profissional, se preferir). Mas não apenas isto. Na Escola de Hogwart ele teve a oportunidade de conhecer grandes mestres, que também lhe deram lições de coragem, honestidade, sinceridade, altruísmo e confiança.

Foi na Escola que ele fortaleceu amizades que durarão para sempre, pessoas que sempre estão ao seu lado nos momentos mais felizes, e nos mais difíceis, também. Afinal de contas, amigo é para sorrir e para chorar, juntos. Na Escola ele teve que se defrontar com inimigos, e realizar mais um aprendizado: ser digno e leal, mesmo quando os adversários não comungavam com estes valores.


A Escola transformou a vida de Harry, positivamente. É por isso que precisamos ter uma Hogwart em cada bairro, de cada cidade do país. Boas escolas, com professores preparados, valorizados e dedicados a contribuir para transformar cada aluno em um heroi da sua própria história: cidadãos respeitáveis, que se não salvarão o mundo, como Harry, poderão transformá-lo significativamente, vencendo as vilãs que jamais deveríamos dizer o nome: a Ignorância, a Miséria e a Desigualdade.

Além do mérito de ter conseguido fazer com que milhões de jovens despertassem o prazer pela leitura, Joanne Kathleen Rowling, a autora da série, nos deixou um grande legado ao demonstrar como a Escola é um maravilhoso espaço de transformação social e de formação de cidadãos livres, construtores do seu próprio Destino."

* Goulart Gomes é escritor, professor voluntário e teve bons mestres. (www.goulartgomes.com)

Imagens: Facebook Goulart Gomes e IMDb