Crédito desta foto: eu mesma inspiradíssima...

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29 de abr. de 2012

Cinematografando a dança com Pina


Esta crítica foi enviada para mim por Nelson Doy on time, ou seja, enquanto o filme ainda estava em cartaz. Mas, por vários motivos, acebei não publicando. Desculpa aí, Nelsão, e desculpa aí amigos do Lado B.

"Pina, de Win Wenders (2011). Nunca entendi muito a dança contemporânea, mas Pina Bausch em pessoa me explica que a dança começa exatamente aí mesmo, onde terminam as palavras, ou a possibilidade das palavras. Palavras evocam coisas, mas quando se entra no campo onde as palavras não alcançam, não existem mais coisas nítidas e bem definidas: existe apenas uma vaga noção de sentimentos, emoções e pensamentos.


A partir daí você deixa de questionar os movimentos corporais e passa a apreciar apenas o efeito visual desses movimentos, deixa de pensar ou raciocinar e aí começa a fruição da dança contemporânea. E numa próxima etapa, começa a perceber sensações exprimidas pelos movimentos. O trabalho de Pina demonstrado no filme impressiona pelos dois lados: a vivacidade rítmica, rica, criativa, intensa, mas meramente visual, e as recorrentes sensações de angústia e vazio.

Essas sensações estariam relacionadas com o objeto central da alma humana, segundo Pina, que é a eterna busca, o desejo. Objetivos que movem o ser humano nada mais são que uma camuflagem para justificar e direcionar um insaciável estado de desejo, profundo e permanente, que provém do vazio e resulta em eterna angústia.


O filme deveria ser um documentário sobre o trabalho da aclamada e revolucionária coreógrafa Phillipine Bausch, a Pina, mas com sua morte repentina em 2009, aos precoces 68 anos, se tornou um tributo.


Dirigida por outro aclamado alemão, Wim Wenders, o filme intercala o registro de algumas importantes coreografias, com depoimentos e comentários dos integrantes da sua companhia, o Tanztheater Wuppertal. A cada depoimento, segue se uma coreografia criada pelo depoente especialmente para o filme, executada em espaços públicos de Wuppertal, cidade sede da companhia. As coreografias expressam a individualidade dos integrantes de maneira mágica, com um encanto fascinante que não cansa e surpreende a cada novo. Assim descobrimos um dos segredos de seu sucesso: cada integrante da companhia tem um potencial criativo e técnico magnífico, o que estimulava Pina a criar e produzir em conjunto com eles.



Os depoimentos são falados na língua natal de cada um. Há de todas as nacionalidades, com destaque para espanhóis, italianos, alemães, sim, mas ainda japoneses, chineses e uma brasileira, entre outros. Descobrimos para surpresa que muitos chegaram tímidos. Pessoas retraídas, incapazes de falar, mas que na dança cresceram e se expandiram de forma intensa e gigantesca. Compreende-se ainda mais da forma de trabalho de Pina, na maioria das vezes absolutamente lacônica, mas sempre estimulante. Lua, pediu ela a um candidato, e lua ele dançou. Não era a figuração da lua obviamente, mas o sentimento de lua que deveria dançar.


O efeito tridimensional poderia ser dispensado na maioria das cenas, mas é inquestionável que em muitas delas traz mais vida. E vida, a intensidade da vida, é justamente a essência do filme. Filmado a dez metros de distância, vemos a expressão da dança no corpo de bailarinos. Filmado a dois metros de distância, vemos a expressão da dança fluindo pelo corpo de cada bailarino. E filmado a vinte centímetros de distância, vemos a expressão da dança fluindo pela boca, olhos, testa e dentes do bailarino. 





 Compreende-se finalmente que a dança ocorre na alma daquela pessoa. Não é possível a dança sem antes a encarnação do sentimento. Pina relata sobre Café Müller, onde a coreografia é toda executada de olhos fechados. Mesmo de olhos fechados, somente dirigir o olhar cego para baixo ou para cima, por exemplo, no momento adequado, atingia a sensação interna correta para o correto bailar externo.


Com a ausência de Pina no Tanztheater, o filme serve muito como uma peça de divulgação. Uma companhia de altíssima qualidade e com até 20 anos de casa, está órfã, em busca de um novo diretor. Não chega a ser especialmente citado Agua, seu último grande trabalho, totalmente inspirado na sua passagem pelo Brasil, mas Caetano Veloso, seu interlocutor no país está lá na forma de Leãozinho, coreografado por um dos principais bailarinos do corpo.

São duas horas de filme que passam com uma leveza supreendente. A pungência bauschiana é pesada, densa, expressionistamente alemã. Mas o entremeio com esquetes dos bailarinos, tão lúdicas, são brincadeiras de criança executadas com um virtuosismo de precisão alemã, sobre uma variedade de músicas, da MPB até temas eletrônicos. Logo na primeira cena você diz: ih, é dança contemporânea. Mas ao final, sai sabendo apreciar um pouco mais o gênero. Uma verdadeira aula. Com Pina Bausch."


Texto: Nelson Doy, eleito por mim como crítico de cinema oficial deste blog, um paulista-carioca-já-abaianado retado!

Imagens: www.imdb.com


 

11 de abr. de 2012

BBB não é o que você está pensando


Houve um tempo em que, na linguagem popular, BBB era bom, bonito e barato; sinônimo de algo realmente positivo. Hoje, é lamentável a conotação que essas três letrinhas juntas ganharam. Mas peço que se remetam à emoção do passado. Não era legal demais encontrar coisas boas, bonitas e baratas? Pois o complexo do Teatro Castro Alves está repleto de ótimas opções assim: de 1 a 10 reais. Como estou meio corrida, transpus os textos do site do TCA. O destaque fica por conta do projeto Domingo no TCA, com o balé residente em uma peça inspirada no amor da minha vida, Shakespeare, e uma peça do russo Anton Tchékhov.


Abril é o mês internacional da dança e o Balé Teatro Castro Alves (BTCA), sob a direção artística de Jorge Vermelho, é a atração do projeto Domingo no TCA com sua mais nova montagem, o espetáculo “Essa Tempestade”, sucesso de público e de crítica no importante Festival Europalia, realizado na Bélgica em dezembro passado. A apresentação será no próximo dia 15, na Sala Principal do TCA, às 11 horas, com ingressos a R$ 1,00 (inteira), vendidos no mesmo dia a partir das 9 horas, com acesso imediato do público.

Criada pelo coreógrafo cearense Claudio Bernardo, livremente inspirada na peça “A Tempestade”, de William Shakespeare (1564-1616), “Essa Tempestade” é uma coprodução internacional do Ministério da Cultura/Funarte, Governo da Bahia (Secretaria de Cultura, Funceb e TCA), As Palavras – Cie Claudio Bernardo, Festival Europalia, Governo da Bélgica e Comunidade Francesa da Bélgica. Além da concepção e coreografia, Cláudio Bernardo também assina o figurino e a cenografia.


ÓPERA POPULAR - O original “A Tempestade” (1611) conta a história de um homem que vive exilado numa ilha e, com a ajuda de seus livros mágicos, naufraga uma embarcação invocando uma grande tormenta. Esse naufrágio conduzirá a uma transformação humana libertária, tanto nestes náufragos quanto nos habitantes da ilha. O coreógrafo explica: “Faço um link dessa ilha com uma fábula da descoberta e da colonização do Brasil. Para mim, ‘Essa Tempestade’ é uma espécie de ópera popular, com um conteúdo barroco que eu aprecio muito. Não quero que o público veja Shakespeare, mas veja a sua essência”. No palco, 25 bailarinos com uma surpreendente performance dramática que une a dança contemporânea a um trabalho vocal, com coro, vozes e sons.

NA SALA DO CORO

Quixabeira - Sambas-de-roda, chulas, samba martelo, batuques, reisados e cantigas de roda são os ingredientes que compõem a diversidade musical do sertão baiano, representados pelo Grupo Quixabeira de Lagoa da Camisa. Reunidos desde 1991, passam para os mais jovens a continuidade das suas manifestações culturais como forma de transmissão e preservação da sua cultura. Fotos: Vantoen Pereira Jr.

Data: 16/04/2012
Horário: 20:00
Valor: R$ 8,00 (inteira)

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O canto do cisne - Do autor russo Anton Tchékhov, a peça se propõe a levantar questionamentos sobre o fazer teatral, mostrando a relação do ator com a sociedade. É a história de um velho ator, que ao perceber que foi esquecido no camarim, faz um balanço da sua vida e expõe suas visões acerca da sua profissão, e de como a sociedade enxerga o profissional da arte. Direção de Bruno Bozetti,com Inaldo Santana e Rai Alves.

De quinta a domingo, às 20 horas.
Data: 19/04/2012 a 29/04/2012
Horário: 20:00
Valor: R$ 10,00 (inteira)

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Vandex na Sala do Coro - Experiente cantor e compositor, foi baixista da lendária Úteros em Fúria nos anos 90, influência para artistas como a cantora Pitty, que gravou uma de suas composições no seu DVD de estreia. Vandex é romantismo cafona, catarses percussivas, bossas tortas, acid boleros e muito, muito rock sem firula. Fotos: Sora Maia.
Data: 23/04/2012
Horário: 20:00
Valor: R$ 8,00 (inteira) Vendas 2 hroas antes do espetáculo

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Pedro de Rosa Morais - Cantor e ator, atua na cena baiana desde os 20 anos. Dedicou-se ao show solo As rosas não falam - 100 anos de Cartola, em homenagem ao centenário do artista carioca. Em seu novo trabalho, De Bossas e Sambas, apresenta um projeto autoral revelando as influências desses estilos em novos compositores. Fotos: Rogério Cunha.

Data: 30/04/2012
Horário: 20:00
Valor: R$ 8,00 (inteira) Vendas 2 horas antes do show



Textos: site do TCA
Demais fotos: site do TCA

1 de abr. de 2012

Matita Perê é Lado B




Gente, olha o Matita Perê! Vale muito a pena. Tenho certeza que vão se emocionar. Recomendadíssimo pelo Lado B de Salvador, hein? Encabeçado pelos compositores Borega e Luciano Aguiar, o grupo entrou em temporada no Teatro Sesi do Rio Vermelho, desde março. Agora, em abril, em duas terças-feiras, há shows 3 e 17, sempre às 20 horas. Confira release do evento e verifique a promoção no valor do ingresso.

"Com 13 anos de estrada, os parceiros seguem imprimindo originalidade nas próprias composições e nos arranjos feitos especialmente para clássicos da música popular brasileira. Amparado pelo talento de músicos como André Becker (sax e flauta), Alexandre Montenegro (baixo) e Sebastian Notini (percussão e bateria), o som do Matita ora segue os contornos harmônicos das montanhas de Minas Gerais – em canções como De Itajubá e Subida à Montanha, de Luciano Aguiar, ou na sua parceria com Borega chamada Rendeiro de Minas – ora vai na simplicidade das melodias do sertão nordestino – a exemplo do instrumental Baião Bachiado, de Borega, e a canção-homenagem Rosiana, referência dos parceiros à obra Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.

Um outro sertão se mostrará também nas rearmonizações de Lamento Sertanejo, de Gilberto Gil e Dominguinhos, e Pau de Arara, de Gonzagão e Guio de Moraes. Nesta última, uma base nova permite o contracanto de Lôro, de Egberto Gismonti, enquanto o baião Triângulo, de Luciano Aguiar, parece fazer o elo entre as montanhas e a caatinga.

Não conhece o Matita Perê ainda? Ouça em no My Space


Onde: Teatro Sesi do Rio Vermelho – Rua Borges dos Reis, 9, Rio Vermelho (3616-7060)
Quando: dias 21 de março (quarta-feira) e 3 e 17 de abril (duas terças-feiras), sempre às 20 horas
Quanto: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia) - meia entrada para quem apresentar, na bilheteria, o flyer promocional que está no Facebook(http://www.facebook.com/​photo.php?fbid=331139371471​7&set=o.359786527375262&ty​pe=1&theater)"

Imagem: Rafael Galeffi