Tudo Pode Dar Certo (Whatever Works), de Woody Allen
Boris, um velho judeu separado, maníaco e rabugento, candidato frustrado ao Nobel de Física, tem sua vida metódica abalada quando aceita abrigar Evan Rachel Wood - como a dumb blond mais lindinha deste ano nos cinemas. Fugida de uma casa de protestantes radicais numa cidadezinha da tradicionalista Mississipi, Melodie (Evan Rachel) confessa seu amor pelo coroa, levando a uma série de acasos e reações que culminam no próprio... final do filme.
Allen mantém seu interesse sobre a transitoriedade das relações dentro desse enorme mar de acasos, sempre encafifado com a imprevisibilidade das paixões frente a qualquer tentativa lógica. Note-se que tem uma diferença monumental entre a humildade resignada do título original Whatever Works (qualquer coisa que funcione) e a otimista tradução Tudo Pode Dar Certo. Depois de muitos anos, aquela paixão inicial se resume a qualquer coisa que possa dar certo (para manter o relacionamento), ensina Boris.
Mais ou menos, o filme é o retorno anual de Allen ao seu público (e estilo de humor) originador, o judeu novaiorquino. Veio da Europa e fez um resumo do que viu na volta pra comunidade, sem faltar uma impagável malhação ao protestantismo. Muito de bem com a vida, sem compromissos. O aspecto de esquete caseiro é reforçado pelo estilo sitcômico do protagonista Larry David, que faz Curb Your Enthusiasm na TV, que fica flagrantemente deslocado no cinema.
*Nelson Doy Jr. é publicitário, mora no Rio, mas volta e meia curte o Lado B de Salvador, quase sempre ciceroneado por essa blogueira que vos fala.
Foto: www.imdb.com
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