Crédito desta foto: eu mesma inspiradíssima...

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9 de mai. de 2010

Cinematografando: Alice Pop*




É uma grande responsabilidade a Disney refazer seu clássico Alice no País das Maravilhas, mas ao mesmo tempo, é uma delícia ter a chance de refazê-lo com os recursos da animação digital atual. A receita funcionou: uma Alice pop, com levada de teen movie, sem rigor com a história e o teor original. E Tim Burton também funcionou, ainda bem. Depois de uma duvidosa fábrica de chocolate, rica, mas fora de mão, retorna agora muito à vontade para espalhar o melhor do seu universo dark-psicodélico pela sala.



A história se passa anos mais tarde da original de Lewis Carrol. Alice deixou de ser criança. Virou uma bela Mia Wasikowska, mas, convenhamos, não passa de uma sonhadora cabeça-oca. Agora tem 19 anos e é levada pela mãe a uma festa surpresa. A surpresa é que a festa é para o seu pedido de casamento. Assustada com o futuro medíocre que a aguarda e, sem forças nem a mínima idéia sobre o quer da vida, foge da raia na hora H e sobe a colina, onde cai no fatídico buraco que recomeça a clássica história. Na Subterra, é aguardada ansiosamente como a libertadora que derrubará a cruel Rainha Vermelha. Mas não se lembra mais de sua primeira ida e precisa reaprender tudo.



Quando os personagens aliados da pueril Rainha Branca (uma caricata e sacarina Anne Hathaway) questionam a lagarta se trouxeram a Alice certa ou foi engano, ela solta uma baforada e responde a Alice: você é QUASE a Alice certa. Vai se descobrir Alice por inteiro, verdadeira a si mesma, ao longo de um game RPG com hora e meia de duração, onde precisa desvendar mistérios, dialogar com estranhos, obter objetos mágicos e mostrar astúcia e bravura para passar de fase em fase. O game oficial para iPhone e Wii foi lançado quase que simultaneamente, para se ver como pensa Hollywood hoje em dia.

É a velha história de ninar para meninas de 13 anos que têm pesadelos com a crise da adolescência, mas repaginada para o mundo moderno. Enquanto Anakin Skywalker sofre em Guerra nas Estrelas com o dilema de vestir um “suit” preto e assumir o posto como CEO de uma corporation, Alice está bem mais tranqüila com seu futuro profissional. Pensa, ao invés de casar cedo, porque não sonhar em ser uma executiva de marketing num ambiente de negócios globalizado?... Quando sai do buraco (e que buraco era aquele noivado), continua sonhadora, mas nada cabeça-oca. Tememos até que vire advogada.



A concepção visual, direção de arte e figurino estão espetaculares e a tradicional dupla burtoniana Johnny Depp (Chapeleiro Maluco) e Helena Bonham Carter (Rainha Vermelha), principalmente ela, roubam a cena. O efeito 3D dá ao filme todo a aparência singela daquelas capas de livros infantis com estereogramas que se mexem quando a gente muda o ângulo. Para justificar o 3D, deram à Lebre Maluca o irritante hábito de atirar objetos na direção dos espectadores. E o melhor de todos ainda é o Gato Risonho (Cheshire Cat), tanto na sua animação como pela voz de Stephen Fry, um manhoso Garfield evanescente. Mia Wasikowska cumpre o personagem: começa insossa e termina menos insossa, mas fica bem em vários tamanhos. Músicas de Avril Lavigne e Fraz Ferdinand entre vários indie pop teens. Ah, e a dancinha final, que consta no Manual para Fazer Teen movies - Confraternização e Dança Final, ninguém merece...



* por Nelson Doy Jr., que é publicitário, mora no Rio, mas volta e meia curte o Lado B de Salvador, quase sempre ciceroneado por essa blogueira que vos fala. Além de ser brilhante nos seus textos (e me presentear com obras suas exclusivas), sempre salva-me nas horas mais difíceis de blogueira.

Imagens: www.imdb.com

2 comentários:

  1. Gostei muito dos comentários do Nelson!!! Tava a fim de ler uma dessas, que parecem de ler já vão deixando mais gostoso o filme (ainda vou ver), com sabor de conversa boa, despretenciosa... mas com um toque cítrico ;).

    Tô ficando fã do blog, Cristina!
    Aldir

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  2. Já queria ver o filme e depois destes comentários mais ainda. Obrigada pelo dinamismo das letras, Nelson (e a Cristina, a dona do Lado).

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